As viagens de carro (a partir do 6ºmês) até ao trabalho, nunca me custaram apenas o cinto no final já me incomodava um bocadinho. No final as noites já eram complicadas, adoravas o lado direito da barriga da mãe, quando me virava ao contrário tinha a sensação de ficares pendurava a fazer pressão para o lado contrário. No domingo dia 25 (um dia antes da DPP) compareci cedo como combinado no hospital para mais uma avaliação e com o receio de que pudesse ficar logo internada, a médica perguntou se queria que induzisse naquele dia, e mais uma vez senti um friozinho na espinha, as pernas bambas, e os tremeliques de nervosismo do costume (custa-me admitir isto, mas nas últimas semanas, o medo do parto em alguns momentos sobrepôs-se ao desejo de te conhecer), e preferi esperar até quarta (data máxima que a médica achou razoável esperar) até pela graça de poderes nascer também no dia 28. Saímos de lá com a promessa de que iria andar muito para acelerar o processo. E assim fiz, segunda-feira, fui passear por Odivelas a pé, resultado, apenas muito cansaço algumas paragens pelo caminho e muita água. Dia seguinte, fui até á praia com a avó e nada, parecias continuar muito confortável. À noite já a arrumar a cozinha com uma vontade incrível de fazer chichi, não consegui aguentar e tive a sensação de fazer chichi nas cuecas. Já na casa de banho percebi que tinham-me rebentado as águas! Telefonei à médica a confirmar não vá fosse da minha cabeça e não fosse necessário ir logo para o hospital, mas ela confirmou que sim. Comecei a arrumar as coisinhas mas ainda estava na casa de banho já o teu pai estava de mochila às costas, mala da maternidade prontinha e paninho na mão (não vá eu molhar o banquinho do carro) e gritava apressado “Vamos, vamos!” E lá fomos… eu de perninhas bem fechadas porque cedo percebi que não conseguia controlar a perda das águas.
Já passava das 22h quando chegámos ao hospital, e lá fui eu corredor fora de perninhas cruzadas e passinhos curtos. O teu pai muito apressado já no elevador chamava-me “anda lá” não percebia que se a mãe desse um passinho maior corria o risco de semear pocinhas de água pelo corredor!
O médico que me examinou estava muito concentrado no ecrã do computador, sem tirar os olhos da maquineta, pediu que me despisse e me deitasse na maca, ao que respondi “não está a perceber eu continuo a perder águas”, ao que ele retorquiu muito prático (com certeza farto de lidar com situações semelhantes), “sim, sim, dispa-se”, eu continuei “mas dispo-me assim?!”. Ao que ele argumentou tirando pela primeira vez a cara do ecrã “não se preocupe que não morremos afogados” se não fosse eu a causadora da inundação confesso que até me teria rido mas estava demasiado nervosa para isso. A enfermeira (uma querida sempre) ajudou-me a despir e o médico observou-me “confirma-se, perda de águas” contudo, constatou que ainda não estavas em posição, e dificilmente estarias dizendo logo que iria ser cesariana.
Nunca tendo pensado nessa hipótese, assustei-me ainda mais, a médica sempre me disse que estavas bem “encaixada” o útero permeável, todas as condições para ser um parto normal e de repente o choque, nem tinha pesquisado nada sobre o assunto só pensava que seria uma operação! Já no quarto com o teu pai ao meu lado e os aparelhometros todos ligados, soro no braço, CTG a registar contrações de 5 em 5m, nada de dores, o médico insistia admirado “não está a senti dor nenhuma?” Segundo o teu pai o CTG devia estar ligado a outra grávida qualquer, pois eu não sentia nem uma picadinha. Já que não estava a sentir dores e estava a ser monitorizada o médico decidiu esperar até ao outro dia. E assim foi, dia 28 de novembro quarta-feira depois de uma noite muito mal dormida e sempre na expectativa lá chegou a médica que decidiu induzir, começou por uma dose baixinha de ocitocina que ia aumentando gradualmente de hora a hora, contudo continuava a não sentir dores nenhumas e tu continuavas muito bem arrumadinha na minha barriga sem vontade aparente de vir cá para fora. Finalmente às 15h parti-mos para a cesariana, ia conhecer-te em breve!
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