sábado, 30 de março de 2013

A última semana antes de regressar ao trabalho

A ideia da partilha nunca me tinha assustado tanto, percebi que ia custar muito mais do que alguma vez tinha pensado. Claro que me descansa o facto de saber que ficas bem, que os teus avós cuidam bem de ti, que estás em segurança, rodeada de mimos e de muito amor.
Mas de um momento para o outro deixei de partilhar todas as horas do meu dia contigo, e há mais de um ano que partilhamos tudo, que vivemos juntas que comunicamos constantemente sem pausas nem interrupções, primeiro na minha barriga durante nove meses e depois quando nasceste durante estes últimos inesquecíveis 4 meses em que partilhámos todas as horas do dia, acompanhei cada sorriso, cada choro, cada soneca!
Mas o meu ego veio ao de cima… e um turbilhão de pensamentos irracionais e tolos assombraram-me nestes últimos dias, a sensação de ter de te “partilhar”, a ideia de poderes gostares mais de outra pessoa do que de mim, a ideia de poder perder o papel principal na tua vida, de já não passares a maior parte do tempo comigo, de não assistir a todos os teus sorrisos, nem mudar todas as tuas fraldas!

segunda-feira, 25 de março de 2013

O segundo corte do cordão

Quando deixei de amamentar em exclusivo é como tivessem cortado o cordão umbilical pela segunda vez.
Eu que sofri com a amamentação que nos momentos mais difíceis sonhava com o dia em que não fosse preciso mais, que nos piores momentos quis que a médica achasse melhor dar-te o suplemento, nunca pensei sentir-me tão triste quando deixei de o fazer a 100%. Tenho vergonha de admitir mas quando cuspias os primeiros leitinhos que te oferecemos sentia por dentro um certo orgulho, sentia-me envaidecida de só quereres o meu leite, como fosse a tua primeira prova de amor incondicional!
Pelo menos aquele momento continuava a ser em exclusivo só nosso. Por isso tentei adiar o máximo que consegui mesmo que inconscientemente. É horrível este sentimento de insegurança, mas não consigo deixar de sentir medo de poder deixar de ter o papel principal na tua vida!
Aos poucos começas a ficar cada vez mais independente, já não dependes de mim a 100% sinal que estás a crescer, que és um bebé saudável e isso enche-me de alegria!

sexta-feira, 22 de março de 2013

A amamentação

O que me custou mais foi sem dúvida a amamentação, tinha dores, mal me conseguia levantar sozinha e os mamilos estavam desfeitos de tanta insistência e das naturais “más pegas” da Margarida na maternidade. No início, não tinha quase colostro, a Margarida tinha fome e a minha única preocupação era pô-la à mama independentemente de estar na posição certa, claro que a equipa de neonatologia não se poupou a esforços para a pôr na posição correta mas convenhamos, acabada de sair de uma cesariana ainda com dores, sem posição e com um recém-nascido a chorar esgalmado de fome, a minha única preocupação era pô-la à mama.
Só percebemos que estamos a fazer mal quando chegamos a casa e não temos o bem dito botãozinho para nos socorrerem, os mamilos estão feridos, a bebe chora, a casa está cheia de gente e só nos apetece fugir e chorar.
Outro problema da amamentação é que TODA a gente já passou por isso, TODA a gente sabe, TODA a gente dá palpites principalmente quem NUNCA amamentou, TODA a gente quer assistir, TODA a gente comenta e dá sugestões!
É porque tens o peito pequeno, é porque a criancinha não está no sítio correto, há afinal o problema é o teu mamilo que é demasiado pequeno… Facilmente se esquecem que por detrás da mãe, está uma mulher que foi mãe há pouco tempo, que está nervosa, insegura, cheia de dores e que a única coisa que quer é que o seu bebé coma bem, de preferência em paz e sossego!
Contudo decidi insistir na amamentação, queria que o meu bebé bebesse leitinho materno até onde fosse possível, por isso enquanto o peito não apresentasse melhoras decidi tirar o leite através da bomba e dar-lhe no biberon. E assim foi o meu dia-a-dia até ir à pediatra, tirar o leitinho, dar o leite à Margarida, pô-la a arrotar, tentar adormece-la e adivinhem tirar leite novamente.
Depois de muita insistência familiar decidi experimentar pôr a Margarida de novo à mama e eis que instantaneamente ela pegou corretamente e partir daí foi maminha em exclusivo até aos 4meses.